ECONOMIA PARAENSE
Pará lidera exportação, arrecadação e geração de empregos no setor mineral
O Pará registrou saldo positivo de postos de trabalhos no setor mineral em 2020. Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), através do Observatório do Trabalho do Pará, em parceria com a Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), de janeiro a dezembro do ano passado, foram 4.796 admissões contra 2.602 desligamentos, gerando saldo positivo de 2.194 postos de trabalho. O número representa 38% das 5.670 oportunidades geradas no setor da indústria paraense no último ano.
Na Região Norte, o Pará também foi o estado que mais gerou empregos formais no setor extrativo mineral, mesmo em um ano marcado pela pandemia.
A engenheira ambiental Ana Karla Pontes, 27, conseguiu o primeiro emprego na Mineração Paragominas, mina de bauxita da Hydro, localizada em Paragominas, em julho de 2020, quatro meses após concluir o mestrado. Atualmente, ela está lotada na Gerência de Área de Meio Ambiente e Sustentabilidade e sua atividade principal é fazer o geoprocessamento, gerando informações às equipes de licenciamento ambiental e dos programas de monitoramento e controle da empresa.
“Na empresa, tenho o incentivo dos meus gestores, com feedbacks positivos do trabalho. Não pretendo abandonar essa carreira, porque na Mineração Paragominas vejo que posso crescer e quero muito esse desenvolvimento da minha vida profissional. Desde a infância, sempre tive vontade de trabalhar em uma das unidades da Companhia”, destacou a engenheira ambiental.
Produção Mineral
De acordo com a sinopse da produção mineral do Pará, divulgada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), houve incremento na produção de ferro, bauxita e cobre, além de resultados positivos na exportação mineral e o destaque do Estado como grande gerador da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
Segundo o relatório da Diretoria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral da Sedeme, com base nos dados da Declaração de Minérios Extraídos (DME) do sistema de Cadastro Estadual de Recursos Minerais (Cerm), entre as principais substâncias minerais produzidas no Pará em 2020, o destaque foi o minério de ferro, que alcançou 192,3 milhões de toneladas, obtendo um aumento de 1,9% em comparação a 2019, que foi de 188,78 milhões de toneladas.
A produção de bauxita também apresentou resultado positivo, totalizando 28,7 milhões de toneladas, um avanço de 8,9%, em relação a 2019, quando foi de 26,4 milhões de toneladas. Já o minério de cobre obteve a produção de 902,7 mil toneladas, representando um incremento de 6,8% em relação a 2019, quando foram registradas 845,5 mil toneladas.
Exportação
Ainda de acordo com levantamento, no ano de 2020, a indústria de extrativismo e transformação mineral paraense exportaram, respectivamente, R$ 16,4 bilhões e R$ 1,4 bilhão. Os principais produtos exportados foram a alumina calcinada (R$1,144 bilhão), o alumínio (R$ 199 milhões) e o ferro gusa (R$ 62,5 milhões). O minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao subiu 75% e foi a US$ 160 a tonelada.
Os principais produtos exportados pela indústria de extração mineral do Pará foram minério de ferro, gerando um lucro de US$ 13,968 bilhões, seguido de concentrado de cobre (US$ 1,899 bilhão), ouro (US$ 295 milhões), minério de manganês (US$ 260 milhões), bauxita (US$ 134 milhões), caulim (US$ 119 milhões). A indústria de transformação mineral teve destaque com o silício (US$ 67 milhões) e a liga metálica ferro-níquel (US$ 166 milhões).
Além disso, o minério de ferro, a soja e o petróleo lideraram a pauta de exportação do país. Em receita, houve uma alta de 14,3% nas exportações de minério de ferro, com o preço médio subindo 16,7% na comparação com 2019, fechando o ano com a média de US$ 108,49 por tonelada.
De acordo com o diretor de Geologia, Mineração e Transformação Mineral da Sedeme, Ronaldo Lima, o resultado positivo relacionado à exportação de ferro esteve vinculado a alguns fatores importantes, como a rápida recuperação econômica da China, maior importadora global deste tipo de minério, durante a crise da Covid-19.
“Além da oferta limitada, a cotação do minério cresceu e, com ela, a geração do CFEM. O aquecimento do setor e as altas dos preços das commodities, aliados à alta do câmbio do dólar, também contribuíram para o crescimento da economia mineral no ano de 2020”, destacou.
Arrecadação
Pelo segundo ano consecutivo, o estado do Pará foi o maior gerador da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) – conhecido tecnicamente como o royalty do setor – com R$ 3,1 bilhões. De acordo com os dados publicados pela Agência Nacional da Mineração, o destaque foi o minério de ferro, responsável por 85,77% de toda a arrecadação estadual (ANM, 2021).
Os números publicados também revelam a forte concentração da atividade mineradora no Brasil: juntos, Pará e Minas Gerais respondem por 90% de toda a arrecadação mineral. O ranking dos dez maiores municípios mineradores é formado apenas por paraenses – os líderes Parauapebas e Canaã dos Carajás – e mineiros.
“A privilegiada localização geográfica do estado do Pará deu condições geológicas para formação de uma grande diversidade mineralógica que resultou em extraordinários depósitos minerais e, consequentemente, em uma enorme potencialidade para o aproveitamento econômico desses recursos. Além das condições naturais, o bom ambiente de negócios e a capacidade de atração de novos projetos tornou o Pará o maior produtor de minérios do Brasil e também maior arrecadador de CFEM”, destacou o diretor da Sedeme.
Por Fabiana Otero (SEDEME)