SAÚDE
Especialista alerta sobre atraso no desenvolvimento da fala na infância
Ambiente sem estímulos, uso de chupeta e de celular são alguns dos fatores que contribuem para esse atraso
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O desenvolvimento da linguagem na infância é um processo gradual, porém, de acordo com o Ministério da Saúde, 12% das crianças brasileiras apresentam suspeita de atraso no desenvolvimento, incluindo a fala. Esse contexto pode ser um sinal de alerta e estar relacionado a diferentes condições, como: alteração auditiva ou intelectual, síndromes genéticas, transtorno do desenvolvimento de linguagem etc.
De acordo com a fonoaudióloga da Hapvida NotreDame Intermédica, Erica de Paulo Vieira, a criança possui marcos do desenvolvimento que vão refletir possíveis atrasos não só na fala, mas de um modo geral. “Por exemplo, até um ano de idade, naturalmente a criança começa a balbuciar. São emissões de sons não articulados e sem sentido, por isso não podem ser considerados uma comunicação, mas um treino para a fala. Já com um ano e meio, a criança começa a ter mais articulação e emite pequenas palavras como mamãe e papai, e ao completar dois anos, essas primeiras palavras começam formar frases simples. Mesmo que essas não sejam pronunciadas de forma perfeita, já é possível entender o que a criança está querendo dizer de forma verbal. Aí, após os três anos, as frases se tornam mais complexas e ela começa a narrar coisas, mesmo que de forma parcial”, explica.
Ainda de acordo com a especialista, é preciso estar atento aos fatores que contribuem com o atraso de desenvolvimento da fala, como ambiente sem estímulos, uso de chupeta e de celular. “Se a criança passa muito tempo com a mãe ou com a babá, acaba não recebendo os estímulos adequados. O convívio com outras crianças de mesma idade é fundamental, mesmo que apenas algumas vezes na semana. O uso de celular e de chupeta precisa ser moderado, pois a fala exige treino da articulação por meio de brinquedos e com a presença de um adulto que forneça o modelo e o suporte correto”, destaca.
“Algumas crianças vão conseguir se desenvolver naturalmente na comunicação sem precisar de um suporte extra, mas outras não. E como podemos ajudar? Sentando com essa criança e utilizando da ludoterapia, ou seja, criança aprende brincando. Então é necessário trazer estímulos para o ambiente, e isso pode ser feito com os próprios brinquedos, por isso é importante ter um olhar de estimulação em cima dos materiais disponíveis. Não precisa ser brinquedo caro, mas saber utilizar do jeito certo as cores, as formas, as letras, coisas que são atrativas para que essa comunicação venha ser desenvolvida”, orienta Erica.
Segundo Erica, crianças podem e devem assistir seus próprios desenhos, porém é fundamental que ocorra o equilíbrio. “Esse tempo de tela pode ser diminuído para que o tempo que passe com alguém conversando com ela seja maior. Principalmente estimulando a articulação da fala e fornecendo os estímulos sensoriais corretos, utilizando da repetição e sempre buscando desenvolver, sem esperar, pois toda criança tem seu tempo de desenvolvimento, mas, se esse tempo estiver demorando, a orientação é que se procure ajuda para receber o suporte necessário”, finaliza.