Conecte-se conosco

COLUNA - ENTRANDO EM CAMPO

Bate papo com o professor Breno Cunha sobre futebol feminino

Publicadas

sobre

Foto: Reprodução | Fonte: Correio Paraense

Mesmo em evolução, o futebol feminino ainda luta contra a falta de incentivo e desigualdade salarial. Para tentar entender melhor sobre o assunto, convidamos o Professor Breno Cunha, treinador da Esmac, no Brasileiro Feminino da série A, de 2022.

Breno é formado em Educação Física, pela Universidade do Estado do Pará, pós-graduado em Futebol pela UFV – Universidade Federal de Viçosa. Como treinador, tem 10 anos de experiência, e, coleciona passagens pelo Clube do Remo, nas categorias sub -17 e sub- 20.

Acompanhe a entrevista:

Boa tarde, Breno! Prazer em poder entrevistá-lo, por sua competência e credibilidade.

Breno, o futebol feminino, hoje, já consegue ter protagonismo das grades das TVs. Porém, ainda se encontra longe quanto à questão de investimento, em relação ao masculino. O que causa essa discrepância, na sua opinião?

Breno:Vejo que se deve muito ainda por uma questão cultural, falta uma estruturação melhor dos clubes em oportunizar o futebol feminino, nas suas dependências, para que possam cada vez massificar sua prática. Atrelado a isso, tem o lado mercadológico, com a abertura das grades de TV para a modalidade, ficando mais “fácil” para que empresas se proponham a patrocinar os clubes, competições, etc…

No eixo Sul e Sudeste, já vimos clubes com alto grau de investimento na modalidade, acredito ser um caminho sem volta.

Você acredita no estigma reproduzido pela sociedade, fruto de um preconceito enraizado, por conceber que a prática do futebol foi criada apenas para os homens?

Breno: – Hoje o futebol não pode mais ser encarado como uma modalidade puramente masculina, o numero de atletas no futebol feminino vem a cada dia, crescendo. No entanto, essa “cultura machista” ainda tem grandes reflexos na nossa sociedade, a todo momento as meninas são vítimas de preconceito, no último campeonato regional, uma atleta do Paysandu foi vítima de racismo ao término de uma partida. Mas, como disse anteriormente, é um caminho sem volta, e, o lugar delas é onde elas bem entenderem!

Além disso, Breno, acredito que seja também um problema sério, a desigualdade salarial. Não acha?

Breno: – Eis o grande problema do futebol feminino, a modalidade ainda não é nem profissional , pouquíssimos clubes já possuem vínculos empregatícios com suas atletas, mas, a grande maioria não faz nem mesmo contrato por prestação de serviço. Se pararmos pra olhar as distorções salariais em nível de “Série A”, por exemplo, teremos um grande abismo.

O Pará, com 144 Municípios, poderia estar figurando como um pólo de revelações, talvez, falte um Clube que possa olhar com carinho a ideia, Breno?

Breno: – Só para ilustrar: o Palmeiras, no masculino, levantou R$ 10 milhões, e o Flamengo, vice, ganhou R$ 5 milhões. No feminino, o Corinthians ganhou, na última edição, R$ 500 mil, e, o Flamengo R$ 300 mil na Recopa.

A grande maioria dos clubes do Estado não sabe o potencial do futebol feminino, e provavelmente, só mantém suas equipes de futebol, porque são obrigados. No entanto, ao fazerem isso, fecham os olhos para um fenômeno, que hoje gera renda, patrocínio, emprego, e que a cada dia, ganha mais força no País. Saiu durante a semana que a CBF vai obrigar a todas as equipes, de todas as séries do Brasileirão, a terem equipes no feminino. Isso é mais um ganho. Agora precisa saber vender o futebol, vender a modalidade, investir na formação, profissionalizar a modalidade.

Nossos talentos estão nos deixando para outros centros. Temos um país que se chama Pará, e, isso faz aparecer muitas jogadoras, é necessário entender isso , fazer seleção, ter locais para treino, acomodação das atletas, salários, e logo, o futebol feminino vai gerar grandes cifras a nível nacional, em termos de contratações.

Existe um modelo de gestão no Brasil no futebol feminino, hoje?

Breno:Sempre vi o case da Ferroviária/SP, como um modelo, mas desconheço seus objetivos, metas, entre outras coisas, já vimos agremiações de camisa, fazendo grandes inventimentos, tais como: Corinthians, Palmeiras, Flamengo, Grêmio, Inter, que além de um bom olhar para o adulto, também vem apresentando uma formação de base em destaque. No Pará, vejo a Esmac como a equipe que mais se destaca na modalidade, fruto de muito anos dos profissionais que ali estiveram, o Clube do Remo vem olhando para o futebol feminino, e hoje, já tem dois títulos regionais consecutivos.

Breno, obrigado!
É sempre um prazer poder conversar com você.

Nos deixe as suas considerações finais, e novos projetos que você irá tocar?

Breno: – O prazer é todo meu. Poder contribuir de alguma forma com o futebol, em especial o futebol feminino, é gratificante para minha pessoa.

No momento, estou analisando algumas propostas para que possa voltar a atuar.

Propaganda
Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Copyright © 2021 Correio Paraense todos os direitos reservados.