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ECONOMIA PARAENSE

Medo de Doença da Urina negra causa queda na venda do pescado

Até o início da noite desta sexta-feira, nenhum caso havia sido confirmado pelas autoridades de saúde, mas pescadores de Santarém já sentiam os impactos provocados pela doença

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Foto: Ândria Almeida, de Santarém / Fonte: O Liberal

A pesca é um pilar da economia paraense, como não poderia deixar de ser em uma região com abundância de rios e faixa costeira. Porém, uma doença que levanta perguntas ainda sem respostas já abala o comércio de pescado do Pará. A Síndrome de Haff, conhecida no Brasil como “doença da urina preta”, pode ter feito uma vítima em Santarém essa semana – o caso ainda está sendo investigado – e outras pessoas com sintomas no Pará seguem tendo acompanhamento médico. Pescadores temem que o pânico gerado pelos mistérios acerca do mal gere prejuízos irreparáveis ao setor.

Um homem de 55 anos faleceu na última terça-feira, em Santarém, após dar entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade com fortes dores nas pernas e abdômen, num quadro conhecido como rabdomiólise – doença caracterizada pela destruição de tecidos musculares -, um dos mais característicos sintomas da Síndrome. Em comum, o consumo de um peixe de espécie ainda não identificada. Em agosto, na cidade de Itacoatiara, no Amazonas, 36 casos foram confirmados como sendo da Síndrome de Haff, com um óbito. O município fica a cerca de 420km de Santarém, às margens do Rio Amazonas. Estudos apontam que três espécies de peixes populares da região podem transmitir a doença: tambaqui, pacu e pirapitinga, além de crustáceos, como o camarão. Mas os casos suspeitos provocaram um medo na população que impactou nas vendas em geral. 

“Essa situação está prejudicando bastante a gente que trabalha com pescado. Essa doença que ninguém sabe ao certo de onde vem, alguns falam de pacu e Piratininga. Outros falam de peixes muito consumidos aqui da nossa região, principalmente pirarucu e o tambaqui, não estão tendo saída. O peixe está congelado no meu freezer há dois dias”, reclama o pescador santareno Alexandre dos Santos. Dos 140 quilos de pescado comprados, o pescador vendeu apenas 6. Segundo ele, antes das notícias sobre o caso, o mercado seguia abarrotado de vendedores e consumidores. Essa semana, o movimento esteve muito abaixo do comum para o período. “Nos prejudicou muito mesmo. Tem gente que nem tá saindo para pescar, pois para não vender, melhor nem pegar o peixe para depois estragar”, disse.
Na feira Porto dos Milagres, em Santarém, alguns faziam promoções para tentar atrair clientes e salvar a mercadoria. “A venda caiu mesmo lá para baixo. Estamos com o peixe quase todo aí. Esses três dias tem sido assim. Antes as pessoas ficavam esperando chegar com peixe para comprar, agora não tem quase ninguém”, confirma o pescador Jucivaldo Monteiro Ferreira.  “Não são nem só as espécies que estão falando que podem ter a doença. As pessoas estão desconfiadas com todo o tipo de pescado. Já estamos sentindo no bolso”, lamenta.

Foto: Ândria Almeida, de Santarém / O Liberal

O presidente do Sindipesca, Apolinário do Nascimento, afirma que os pescadores temem que a noção da população de que pode haver algum tipo de “pandemia” desta doença complique ainda mais uma situação que vinha em ritmo de retomada. “Estou atuando na pesca há 50 anos e não vejo casos assim. Eu encaro muito com incidentes isolados, mas por falta de uma divulgação maior dos fatos, o povo acredita que não se deve consumir essas espécies que são populares na nossa região e consumidas com segurança há muito tempo”, pondera. Para ele, é fundamental que se investigue com urgência e que as entidades de vigilância sanitária tragam informações claras ao público. “As populações que vivem da pesca destas espécies já estão sentindo o impacto econômico, por isso precisamos de informações seguras com rapidez”, pede.

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