SAÚDE
Pará tem aumento nas internações por Covid-19 em três meses consecutivos
Crescimento foi de 86% desde dezembro de 2020. Estado está com 82,23% dos leitos de UTI ocupados
No Pará, a Covid-19 mantém pacientes internados em 82,23% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública estadual. A sobrecarga é ainda maior em três regiões do estado: o Baixo Amazonas, com 87,88%; Xingu com 95,98%; e Carajás com 92,31%.
A pressão sobre os leitos de UTI exclusivos para Covid-19 voltou a crescer em dezembro de 2020, quando 993 internações foram feitas. Em janeiro, a procura aumentou. Mais de 1.500 pacientes passaram a ocupar os leitos. Já em feverereiro, os hospitais receberam um número ainda maior, 1.849. O aumento foi de 86% em três meses.
O trabalho para salvar vidas aumentou para quem atua na linha de frente de combate ao coronavírus. A médica do hospital de campanha em Belém, Gorgiana Gama, descreve o cenário atual na unidade hospitalar. “Muitos jovens, muitos pacientes com idades que não têm comprometimento (…) seja vascular, hematológicos, não, são pacientes, às vezes, sadios, mas já chegam muito comprometidos”.
“A quantidade de pacientes está aumentando de uma forma muito rápida, brusca”, comenta.
A Secretaria de Saúde do Pará (Sespa) anunciou a criação de de 50 novos leitos clínicos no hospital de campanha montado no Hangar para ampliar os atendimentos para pacientes com Covid-19, na região metropolitana de Belém.
Segundo o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz0, Diego Ricardo Xavier, a pressão sobre os hospitais tem relação direta com o surgimento de novas variantes e com o relaxamento das medidas restritivas.
“Não tem solução fácil para lidar com um assunto que é complexo. A população precisa ajudar, os governantes precisam ajudar e todo mundo precisa fazer a sua parte senão a gente vai continuar tendo essa ocupação de leitos de hospitais bastante expressivos”, explica.
Xavier diz, ainda, que “se antes a gente tinha possibilidade de no Pará as pessoas com recursos se transferirem através de UTIs aéreas, de Belém pra São Paulo, agora a gente não tem mais essa possibilidade, mesmo pra quem tenha recursos financeiros. Então, a situação dos mais pobres é ainda mais crítica, a gente não tem mais como mandar outras pessoas para outros estados porque a doença está subindo em todos os estados ao mesmo tempo”.
Diante do cenário da doença no estado, o médico infectologista Alessandre Guimarães pede bom senso. “A mensagem que eu deixo para todos é que evitem entrar em contato com esta doença, se protejam, usem todas as medidas que vocês conhecem, máscaras, distanciamento porque realmente ela nos deixa muito fragilizado”.