ECONOMIA PARAENSE
Pará deve ter uma queda na venda de presentes para o dia dos pais este ano
Em 2020, a comercialização não poderá ser comparada ao volume do mesmo período dos anos anteriores
Não há pesquisa que aponte o índice de vendas no varejo estadual para o Dia dos Pais, comemorado no próximo domingo (9), e tampouco quanto será injetado na economia do Pará com as comercializações. No entanto, as entidades que avaliam o consumo de produtos e serviços em geral não têm projeções animadoras para a data.
É que desde que o comércio de Belém foi reaberto, na primeira quinzena de junho, as vendas caíram cerca de 40%, comparado ao mês de março, quando a atividade econômica ficou suspensa para conter o contágio do novo coronavírus. O percentual pode ser um balizador das vendas de 2020, porém, de fato, o que se sabe, é que os presentes dos pais este ano, vão ser de preços simbólicos, devido ao cenário de recessão econômica que o mundo atravessa.
Historicamente, o Dia dos Pais figura na quinta posição das vendas para as datas comemorativas no varejo. Em 2020, a comercialização não poderá ser comparada ao volume do mesmo período dos anos anteriores. “Não há como fazer comparações e nem dizer o quanto de queda vamos ter nas vendas deste ano. O que podemos afirmar é que, com certeza, elas serão menores”, apontou o presidente do Sindicato dos Lojistas de Belém (Sindilojas), Joy Colares.
Os motivos pelo qual a previsão é negativa, são os reflexos da retração deixados pela pandemia da covid-19. “Os trabalhadores da iniciativa privada tiveram redução de salários, outras o contrato suspenso, e os autônomos que ficaram sem renda nenhuma, tiveram de recorrer ao auxílio do governo, pois muitos pararam de trabalhar. Assim, o Dia dos Pais, que ocupa o quinto lugar da data comemorativa do comércio, este ano, infelizmente, será de consumo menor. O quanto, ainda não podemos dizer e qualquer número que eu colocar, será um exercício de futurologia”, observou Colares.
O presidente do Sindilojas aponta também os índices atuais de vendas no comércio da capital paraense. “Desde a reabertura em junho, o comércio está faturando entre 40 a 50% dependendo do segmento, do que faturava na primeira quinzena de março. Tivemos uma queda de, em média, 40% nas vendas (após a retomada). Isso não significa que podemos usar este número para estimar a queda nas vendas para o Dia dos Pais, porém, ele serve como um balizador do que vai acontecer”, explicou Colares.
Nesta data, os itens mais procurados pelos filhos são os acessórios de couro, como cintos e carteiras. As confecções e eletrônicos também entram na lista dos presentes mais consumidos. “Os produtos comprados não terão um valor alto em 2020, visto que as pessoas estão receosas de fazer compromissos com prestações de produtos semiduráveis, devido a pandemia”, finalizou o presidente da entidade.
Dieese
O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/Pa) também não aponta índices de quanto os presentes dos pais irá injetar na economia do Estado até o final desta semana, mas alerta: “Esse não será como os outros anos. As vendas serão menores, certeza. Não vamos dizer que será um dia de lembrancinhas, mas, sem dúvida, será ano de presentes com valores mais baixos”, alertou Roberto Sena, supervisor técnico da entidade.
Sena que também é economista, garantiu que além da redução do poder de compras, muitas pessoas temem em fazer dívidas neste momento de instabilidade. “As pessoas perderam renda, salários, empregos, e além disso, elas estão bastante endividadas. O índice de inadimplência é alto. Outro fator que influencia neste cenário, são as férias de julho. As pessoas voltaram das praias, dos balneários e tiveram gastos extras por lá. Por isso, com a excepcionalidade da economia neste ano, não projetamos o índice de vendas maior que nos calendários anteriores”, afirmou.
Compras
O economista Thiago Freitas alerta para os gastos extras na data. “É comum as pessoas presentearem a quem se ama nas datas comemorativas. Fazer jantar, almoço, ou seja, comemorar de alguma forma ou dar presentes. Mas temos de ter ciência das nossas economias, antes de gastar de forma aleatória”, disse. Para ele, a compra com o cartão de crédito pode ser um erro, atualmente.
“Quando se parcela uma conta ou compra algo para ser pago posteriormente, aquela aquisição (produto) deve ser durável. Caso contrário, é melhor fazer pagamento à vista com valor menos e não ter uma dívida por três, quatro meses, de algo que você não vai utilizar por muito tempo. Por isso, o ideal é avaliar os débitos e os créditos antes de decidir o que comprar, quanto gastar e a forma com que irá pagar”, analisou.
Consumo
A estudante de arquitetura, Beatriz Silva, de 22 anos, ainda não sabe o que vai dar ao seu pai no próximo domingo. Mas, certamente, o presente não será como ao do ano passado. “Todos os anos, vamos ao restaurante e eu e a minha irmã dividimos o pagamento do presente. Esse ano, vamos fazer algo em casa. E compraremos algo que não passe dos R$100 para cada uma”, comentou.
Em 2019, as irmãs compraram uma churrasqueira parcelada de cinco vezes no cartão de crédito. “Vimos que o preço estava bom e era um sonho que ele tinha e lavamos. Mas, agora, será algo mais simples, sem parcelamentos. O pagamento ficará à vista, pois não sabemos o que nos espera para este semestre”, disse a jovem que se mantém com uma bolsa de estágio.
Por Roberta Paraense