POLITICA
Centrão e ala militar pressionam o Presidente Bolsonaro a substituir Pazuello na Saúde
O presidente Jair Bolsonaro está sendo pressionado pela ala militar do Palácio do Planalto e pelo centrão a escolher o sucessor do atual ministro da Saúde interino, Eduardo Pazuello. General da ativa, Pazuello tem dito a aliados que já está de saída do ministério e que quer voltar à carreira militar para se aposentar como general quatro estrelas.
Na semana passada, Bolsonaro disse a jornalistas que Pazuello “é um nome que não vai ficar para sempre” e “já deu uma excelente contribuição para nós”. Desde o início, o plano era que ele ficasse à frente da pasta durante a crise do coronavírus, mas depois voltasse para o Exército.
A pressão para a saída do ministro aumentou neste fim de semana. No sábado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que o Exército se associou a um “genocídio” em alusão à condução do governo Bolsonaro frente à epidemia da Covid-19.
O Ministério da Defesa classificou a declaração do ministro como “leviana” e disse que vai enviar uma representação contra Gilmar à Procuradoria-Geral da República (PGR). O episódio, no entanto, reforçou a opinião da ala militar do Palácio do Planalto de que Pazuello deve ser substituído para que não haja associação entre a gestão na Saúde e o Exército brasileiro.
No Congresso, líderes de partidos do centrão se desentenderam com Pazuello após uma portaria distribuindo a verba do coronavírus para municípios no início desse mês. Parlamentares se queixaram de que os repasses não atenderam as indicações prometidas pelo governo, criticando o ministério pela falta de experiência em lidar com políticos.
— Não há motivo para desgaste nesse caso. Pazuello acertou, já que seguiu critérios técnicos e não políticos — argumenta o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso.
O prazo para a permanência do ministro interino é agosto, segundo integrantes do governo. Se quiser continuar depois disso, integrantes da ala militar defendem que ele vá para a reserva — o que Pazuello já sinalizou que não quer fazer, já que ainda é general três estrelas.
O prazo máximo para o afastamento do Exército é de dois anos. Seria tecnicamente possível que Pazuello ocupasse um posto inferior ao de ministro, voltando a ser “número dois” da pasta, e depois voltasse à ativa. Ele tem dito a interlocutores, porém, que essa opção não está na mesa, já que a “missão” que lhe foi dada era temporária.